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A psicodelia está de volta!

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Post by wodouvhaox Fri Feb 06, 2009 11:03 am

por Marcus Vinícius Brasil

Sobre o palco do clube parisiense Triptique, uma trupe de músicos embalados por LSD toca até desafiar a paciência dos organizadores do evento. O baterista não quer largar as baquetas, os outros integrantes já perderam a noção de quanto tempo estão tocando e mal levantam a cabeça para olhar a platéia. Eles só percebem que extrapolaram o horário quando os donos do lugar começam a gritar pedindo o encerramento do espetáculo lisérgico. "Tivemos muitos problemas depois desse concerto. Todo mundo em Paris nos odeia e não fomos pagos" diz Romain, um dos integrantes do Turzi e protagonista de tal episódio.

Na ocasião, o francês tocava ao lado do Aqua Nebula Oscillator, outro dos grupos que hoje compõem a autodenominada cena psicodélica francesa. "Há uma coesão em tudo que fazemos, então quisemos nos juntar como uma cena que não é representada, apesar de a acharmos coerente e interessante" diz o músico. "Queríamos expandir esse círculo além da França e de Paris, pois sabíamos que interessaria pessoas de fora que acham que temos mais a oferecer além de bandas ruins de rock e cópias do Daft Punk".

VIAGEM FRANCESA

Esse panorama citado pelo músico pode ser encontrado na compilação Voyage - Facing the History of French Modern Psychedelic Music. A coletânea acompanha gratuitamente o álbum de estréia do Turzi, A, lançado pela Record Makers (casa de Sebastien Tellier) e ilumina alguns dos novos grupos de rock psicodélico vindos da França. Organizada pelo próprio Romain, um dos alicerces dessa cena, ela trouxe à tona nomes como o do One Switch to Collision e do Aqua Nebula, dois dos quais dificilmente sairiam do ostracismo underground sem terem seus nomes associados a alguma gravadora maior.

Além dos nomes alienígenas, que incluem pérolas como Musikasphaera e Mogadishow, essas bandas compartilham uma abordagem extremamente viajante e visceral do rock contemporâneo. Guitarras cheias de reverberação, vocais esfumaçados e sintetizadores atmosféricos estão entre os elementos que compõem o clima invariavelmente denso e sufocante das músicas. "A idéia é viajar" diz o líder do Turzi.

A banda, formada também pelos músicos Sky Over (bateria), Judah Wasky (teclado), Hard-Rock Gunther (teclado e guitarras) e Arthur Rambo (baixo), já está trabalhando em seu segundo álbum, B. O disco deve sair pela Record Makers e está sendo gravado em um estúdio no interior da França, longe do caos metropolitano.

Mas o movimento psicodélico não está revigorado apenas na França. Novas bandas que levantam a bandeira ácida aparecem por todo o globo, fazendo surgir rótulos como "neo-kraut" (em referência ao progressivo alemão da década de 70) e elevando o gênero ao status de hype em blogs de música e publicações especializadas.

Exemplo são os californianos do Wooden Shjips, que apesar de não terem um som eletrônico como de seus contemporâneos franceses, movimentam atenções com rajadas de guitarras hipnóticas. O quarteto, formado por Dustin Jermier (baixo), Omar Ahsannuddin (bateria), T. Nash Whalen (órgão) e Erik Ripley Johnson (vocais e guitarra) lançou seu primeiro álbum, homônimo, no ano passado pela gravadora Holy Mountain.

ESTADOS ALTERADOS DE CONSCIÊNCIA

Assim como o Turzi e o Aqua Nebula Oscillator, temas transcendentais também são familiares às músicas do Wooden Shjips. Mas ao contrário dos franceses, que assumem suas viagens com títulos como "LSD Therapy" e "Acid Taste", os norte-americanos encaram as alterações de consciência através de uma perspectiva mais filosófica.

"Trabalhamos com todo tipo de assuntos, mas creio que há um elemento existencial em nossas músicas. Vemos a vida através de uma ótica budista, mas em seu aspecto filosófico, e não religioso", diz o grupo sobre suas canções. "Acho que toda boa arte tem o potencial para abrir mentes e prover uma nova maneira de olhar as coisas, desafiar a percepção. Drogas são um atalho, e podem ser úteis. Arte e meditação são mais sutis, mas têm um impacto muito mais profundo e duradouro se você quiser mesmo se dedicar".

Além da sonoridade delirante e da associação a substâncias alucinógenas, Romain ressalta o que, para ele, continua sendo a principal ligação entre esses novos artistas e seus precursores sessentistas. "O espírito e toda necessidade de escapar através da música é o mesmo, exceto pelo fato de que agora os sons analógicos agora são capturados em máquinas digitais".

LISERGIA DISSEMINADA

Mas o novo psicodélico não se restringe apenas à França e à Califórnia. A energia reciclada de hippies e freaks dos anos 60 aparece, em gravações demo e cheias de microfonia, no som de gente como Los Llamarada, do México, Fabulous Mind, da Austrália, 120 Days, da Noruega, MGMT, dos EUA e Tivol, da Finlândia. Entre os preferidos dos entrevistados para esse especial aparecem ainda Dungen, Danava, Delia Gonzales & Gavim Russom, Desire Republic, Desert Travelling Band, Daevid Spheros e Dr Tropico.

"Hoje todos olham para os anos 2000, mas isso já é passado. Então as pessoas perceberam que o psicodélico está em todos os lugares", afirma Romain. Se esses últimos anos assistiram ou não um ressurgimento da lisergia na música e no comportamento, é difícil dizer. Mas alheio a qualquer tipo de especulação, reside o fato de que, independente da década, parece que sempre haverá muitos músicos por aí dispostos a levar seus ouvintes a desafiarem os supostos limites da mente humana e a passearem por outros estados de consciência artística.

fonte: rraurl.com
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